Filhos de pais separados!!! E Agora???

“Mas se alguém não cuida dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior que o incrédulo”
(1 Timóteo 5:8).

Outro dia recebi um spam com o seguinte título “Festival de Noivas – casar ficou mais fácil”. E me surpreendi com a simplicidade com que muitas empresas tratam o tema casamento, oferecendo, muitas vezes, todas as condições para levarem os noivos ao altar, em suaves prestações. O que se esconde por trás da propaganda é uma realidade muito mais dura que se possa imaginar. As relações familiares estão entre as mais complexas relações humanas existentes. Desenvolver os relacionamentos familiares é uma atividade extremamente estressante, porque, dentre outras razões, encontramo-nos em uma situação inédita em nossas vidas. Por essa razão, não é difícil encontrarmos pessoas que, poucos anos após fazerem uma opção de casamento com alguém, estarem sozinhas, ou com um novo casamento, e às vezes o que é mais complicado: com filhos profundamente abalados pela separação dos pais.

Nos bancos das igrejas é comum encontramos pessoas que passaram pela experiência da separação. Os filhos, como herança de um matrimônio que não deu certo, apresentam uma variedade de estados emocionais. Alguns têm medo da vida, outros são bem ajustados. Alguns têm bons relacionamentos com os pais, outros foram abandonados. Alguns ainda estão profundamente magoados, outros já aprenderam a perdoar. Enfim, os filhos que melhor enfrentam a separação dos seus pais são aqueles que possuíam uma forte estrutura emocional – os que se sentiam amados e aprenderam a ser responsáveis por si mesmos e por suas reações. Porém, nem todos os filhos possuem uma “saúde” emocional estabilizada. Para esses, a separação se torna um processo psicológico devastador, com profundas cicatrizes emocionais, que reflete na relação social e escolar.

Meu desejo, ao escrever essa reflexão, é fazer com que os pais percebam que as suas reações com a separação geralmente aumentam a dor dos filhos. É preciso perceber que, embora o matrimônio não tenha logrado êxito, a boa relação tem que ser mantida, principalmente quando se deixam frutos do casamento. Gostaria que os pais superassem seus orgulhos, os aborrecimentos, as culpas, enfim, deixassem de olhar um pouco para o espelho e passassem a pensar, como prioridade maior, nos seus filhos. Muitas vezes são eles que mais sofrem com o desajuste familiar. Se não mais conforta aos pais saberem que DEUS não é favorável às separações e aos divórcios; se não há mais caminhos de esperança a trilhar, que reste, então, a preocupação pelo futuro dos filhos. Pais separados encontram amparo nas igrejas, com psicólogos, grupos religiosos, apoio de amigos, organizações destinadas a esse objetivo, familiares, amigos, conselheiros no geral. Os filhos, com freqüência, são a parte negligenciada e habitualmente se sentem sozinhos, desamparados, sem condições de se defenderem. A unidade familiar é a principal referência de um filho. Ele cresceu e se reconheceu dentro de uma família (pai, mãe e irmãos). Essa referência passou a ser o seu mundo, a sua identidade. A quebra dessa unidade cria uma série de dúvidas e tudo se torna instável.

Tenho um grande amigo de infância em Olinda, Pernambuco, que teve que presenciar a separação dos seus pais ainda criança. Após esse desligamento, apareceram profundos distúrbios emocionais e até mesmo doenças. Ele cresceu com a idéia de pai que a mãe sempre lhe ensinou: “seu pai é a causa de todos os problemas”. Mais de 30 anos se passaram, esse amigo se casou, também se separou, e até hoje as suas dificuldades emocionais e físicas se agravaram. O pai faleceu recentemente e nunca teve algum contato com o filho. Geralmente, o pai ou mãe tenta esconder dos filhos suas próprias dores; porém, expressá-las de forma direta ou injusta, pode legitimá-las.

Certa vez, ao fazer uma atividade de redação voltada a adolescentes (o tema era família), tive surpresas em alguns dos textos. Um jovem escreveu: “eu choro, à noite, quando estou na cama, mas minha mãe nunca fica sabendo”. Uma garota escreveu: “Eu procuro não demonstrar ao meu pai uma dor que eventualmente é minha e é dele também”. Em outros textos, vi a preocupação que muitos filhos têm com a falta de diálogo dos pais depois da separação. E o curioso de tudo foi saber que mais de 50% dos alunos daquela classe onde estava sendo desenvolvida a atividade de redação eram oriundos de pais separados.

Sem dúvida, toda e qualquer separação tem efeitos negativos em todos os que tocam. Alguns psicólogos estimam que, a cada quatro crianças afetadas por casamentos desfeitos, três sofrerão com seus próprios divórcios. O círculo vicioso é talvez a maior tragédia proporcionada pela separação.

Acredito que é possível reverter esse quadro. Como disse anteriormente, devemos fazer com que os pais olhem muito além de suas mágoas e raivas, mantendo como prioridade, em suas mentes, as conseqüências devastadoras que seus filhos podem apresentar no futuro. Uma separação até pode resolver alguns problemas, porém, freqüentemente causará novos. Somente o milagre do perdão e da reconciliação podem impedir uma outra geração de filhos divorciados. Meu desejo, ao invés de uma geração frustrada, é ver uma geração abençoada no propósito familiar; não só com desejo de subir ao altar, mas também de permanecer ajustada no compromisso de superar todas as dificuldades, e encravar verdadeiramente, no seio da humanidade, o selo do Amor que o apóstolo Paulo proclamou na sua Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 13: “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (vers. 7). Somente em CRISTO, renovando diariamente o compromisso com a Palavra de DEUS, poderemos transformar esse meu sonho (que acredito ser seu também) em realidade. Que DEUS nos ajude!

Pr. FERNANDO CÉSAR

10 DICAS PARA EXPLICAR SOBRE A SEPARAÇÃO AOS FILHOS

Há muitas dúvidas se se deve ou não falar para os filhos sobre a separação. Algumas mães tendem a dizer que o pai está viajando a negócios, ou dar alguma justificativa, acreditando assim evitar fazê-los sofrer. Negar o que se passa e mais ainda, o que se sente, pode gerar muitas sequelas. Pior ainda é dar espaço para que a criança saiba por outra pessoa sobre a separação dos pais, o que poderá provocar a sensação de ter sido traída, perdendo toda a confiança nos pais. Com certeza os filhos têm o direito de saber e o melhor caminho é sempre a verdade. O impacto gerado pela separação dos pais, se for bem conduzida, pode ser menos grave do que as consequências produzidas por uma família em conflitos.

Fiz então uma grande pesquisa em várias matérias que abordam este assunto e montei um resumão com as principais dicas para explicar a separação para os filhos.

Seguem os 10 pontos mais importantes:

1- Converse francamente com seus filhos e explique a nova situação

É importante que a informação sobre a separação do casal seja dada aos filhos pelos pais e não por terceiros. Expliquem às crianças que papai e mamãe já não podem ou não desejam viver juntos e que, a partir de agora, viverão em casas diferentes. Quando decidir falar sobre o assunto, não assuma que elas conhecem o significado da palavra ‘divórcio’. Dê uma pequena explicação como: “divórcio significa que a mamãe e o papai vão passar a viver em casas diferentes, mas seremos sempre os seus pais e vamos sempre amá-los”.

2- Não coloquem culpados para nova situação

Fale com seus filhos da realidade da separação, tendo o cuidado de não culpar ninguém. Assegure aos seus filhos que eles não têm nenhuma responsabilidade pelo o que ocorreu. As crianças precisam de honestidade e de uma razão para o fato da mãe e o pai não viverem mais juntos. Se não lhes explicar isso, elas irão se culpar, pensando que o pai ou a mãe saíram de casa porque elas choraram alto demais, por exemplo. Uma frase simples como: “a mamãe e o papai decidiram que é melhor não viverem juntos, mas ambos vão sempre amá-los” é um bom começo e tudo o que elas precisam ouvir.

3- Explique como serão as visitas daqui para frente

As crianças necessitam de uma vida organizada e estruturada e as que estão passando por uma situação de divórcio ainda precisam de mais estrutura. Por isso, elas querem saber com antecedência se vão estar com a mãe ou com o pai. Uma boa ideia é a elaboração de um calendário, em um lugar visível, com todas as datas importante e em que casas estarão nesses dias.

4- Mantenha a rotina das crianças

Depois da separação, e dentro das possibilidades do casal, é importante que seja mantido o ambiente que rodeia as crianças, como escola, casa, bairro, amigos, pois isso poderá ajudá-las a darem continuidade às suas próprias vidas. E independente com quem fique a guarda das crianças, a presença constante por parte de quem se foi é imprescindível.

5- Cuidado para não criar expectativas de reconciliação

Explique claramente que o divórcio é definitivo. Que não existe a possibilidade de voltar atrás.

6- O que não se deve fazer

Falar mal um do outro para os filhos: foi o relacionamento homem-mulher que acabou, mas o relacionamento pais-filhos vai se manter pela vida afora. Portanto, ambos devem respeitar o papel de pai e mãe.

Usar os filhos como espiões para saber da vida do outro: já que o relacionamento homem-mulher acabou, de que vai adiantar saber da vida do outro?

Fazer chantagens ou usar os filhos como moeda de troca: nunca dizer que o filho só sairá com o pai quando ele depositar a pensão, por exemplo.

Discutir na frente dos filhos: qualquer discussão entre o ex-casal deve acontecer longe deles.

Tirar a autoridade do ex-marido ou da ex-esposa: se a mãe disse que o filho está de castigo, o pai deve manter o castigo mesmo que não concorde com ele. Se o pai disse que o filho não vai àquela determinada festa por um motivo X, a mãe deve acatar a ordem, mesmo discordando dela. Os filhos precisam desta coesão entre ambos para aprender a ter limites.

7- Cuidado ao apresentar um novo namorado(a)

No caso de um (ou os dois) começar a sair com outra pessoa, tenha em conta que as crianças demoram a se acostumar com essas novas situações e, por isso, devem ser respeitados os seus sentimentos. Perceba se seu filho já está pronto para essa apresentação, controle sua ansiedade e espere alguns meses até que a apresentação possa ser feita de maneira natural. Pais que amam seus filhos desejam o melhor para eles, e o mesmo acontece com os filhos, que também desejam que seus pais sejam felizes!

8- Nunca impeça seu filho de ver a outra parte que não ficou com a guarda

A guarda deve ficar com quem tiver melhor estrutura emocional para criar as crianças. Lembre-se de que acima de 12 anos elas têm o direito de escolha perante à Justiça. Os filhos necessitam do pai e da mãe. Para eles, o pai e a mãe são únicos e insubstituíveis. Os filhos seguirão aprendendo do seu comportamento. Porte-se bem. Se o que você quer é respeito, respeite seu filho.

9 -O casamento pode ser maravilhoso

As crianças devem entender que só porque o casamento dos seus pais não deram certo, isso não significa que todos os casamentos fracassam. O casamento é uma união sagrada entre duas pessoas que amam e respeitam um ao outro. Claro, não há garantias para um casamento bem sucedido. Mas as situações não são sempre as mesmas, e a história não precisa se ​​repetir.

10. A vida continua

As crianças vão sobreviver ao divórcio, assim como seus pais. Mudar é difícil, mas também inevitável. O divórcio pode vir a ser uma experiência positiva para todos os envolvidos, proporcionando uma segunda chance de uma vida nova e melhor.
Passo a Passo : Ao conversar com os filhos sobre a separação é importante se lembrar de algumas regras básicas:

– explicar o motivo da separação;

– informar quando e como será;

– explicar o que acontecerá com eles, ouvindo sempre seus desejos;

– ouvir todos seus sentimentos, dúvidas e medos e tranquilizá-los;

– reforçar o fato de que o casal está se separando, mas que continuam sendo pai e mãe;

– lembrar-lhes sempre o quanto são amados.


Fonte: Guia Infantil , ABCdo bebe , Clicfilhos , Vyaestelar, Saúde

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