Educando com a Supernanny

Educando seu filho(a) com Cris Poli a Supernanny 

A criança quer um brinquedo. A mãe fala que não pode. O pai fala que pode. No final, o filho acaba em um pingue-pongue – e os pais, em uma enrascada. Este é o mecanismo desvendado pela educadora Cris Poli, ( Supernanny ) e  além de lerem as respostas que ela da para algumas dúvidas, vou postar para vocês trechos do seus livros maravilhosos que são: “Pais Responsáveis Educam Juntos“ (Mundo Cristão), "Pais Admiráveis Educam pelo Exemplo" (Mundo Cristão), "Viva a Infância" (Ed. Gente) e "Pais Separados, Filhos Preparados" (Ed. Gente)


Como os pais podem educar os filhos juntos? E quando há um impasse? Pais com o mesmo olhar sobre a educação conseguem um resultado de comportamento mais rápido do que aqueles com opiniões divididas. O segredo é conversar sobre a educação que eles gostariam de dar para seus filhos. Parece meio óbvio, mas não é. Eles devem conversar sobre as experiências individuais, sobre a educação de cada um deles, o que pode ser aproveitado e mudado. Nenhum dos dois pode impor sua visão à força. 

E quando os pais não concordam, qual o impacto sofrido pelas crianças? 

Elas ficam confusas, não sabem que direção tomar. O pai fala ‘branco’ e a mãe fala ‘preto’. A criança fica no meio da duplicidade de opinião e se inclina para aquilo que convém no momento. Se ela quer sair sem hora para voltar, vai pedir a um dos pais que a deixe fazer isso. A criança não aprende o que é certo e o que é errado. Ela aprende só o que convém.


Quais os maiores erros que os pais cometem com relação à disciplina dos filhos? Hoje em dia, os pais têm muita dificuldade em assumir a autoridade. Têm muitas dúvidas, estão inseguros. Acham que os filhos não vão gostar deles se eles disserem ‘não’. Há muita dificuldade em colocar limites e dizer ‘não’. Alguns pais não sabem bem como colocar limites, pois tem pouco tempo para ficar com os filhos. Voltam do trabalho cansados e acham que não devem ficar falando ‘não’. E ainda deixam o filho fazer o que quer. São coisas muito sérias e preocupantes. Com isso, estes pais acabam vendo em seus filhos comportamentos que eles não suportam.

Como mudar essa situação? 

Vi crianças pegarem uma faca da cozinha para ameaçar o pai e a mãe por eles terem dito ‘não’. O que fazer neste momento? É ignorar a birra e tomar a atitude com firmeza. A criança precisa entender que você não vai fazer a vontade dela. Os pais têm que tomar as rédeas da casa e assumir a autoridade. Dar limites, regras, rotinas, ou seja, assumir a responsabilidade e não a delegar para outras pessoas. Muitas crianças ficam na escola período integral ou com outras pessoas, como babás e avós. Mas os pais não podem delegar a autoridade para outras pessoas. Quando os pais entendem que o comportamento de seu filho é insuportável, precisam assumir a responsabilidade.

Qual a diferença entre autoridade e autoritarismo? Pai autoritário é déspota e arrogante, impõe a força, usa o medo, bate, grita e se descontrola. O pai que tem autoridade tem convicção daquilo que está fazendo, está no comando da situação, sabe o que é melhor para os seus filhos. Ter convicção daquilo que se está fazendo faz a diferença. Quando uma criança vê um adulto com autoridade não acha ruim, pode espernear, chorar e resistir, mas, no final, acaba acatando e gostando. Autoridade não é uma coisa ruim, autoritarismo sim.

E se a convicção falhar e os pais tiverem dúvidas? Dúvidas todos nós devemos ter. Assim como uma criança não pede pra nascer, pai não nasce sabendo ser pai. Vai aprender, vai errar e vai mudar. No momento de tomar a decisão, os pais precisam ter convicção de que aquilo fará bem para o filho. E a convicção vem a partir de conceitos. Por exemplo, se uma mãe quer que seu filho coma legumes, como ela pode fazer isso? A primeira coisa a entender é que o filho só aprenderá a partir de exemplos, então ela precisará comer legumes também. Os pais não podem impor algo que não praticam. Assim, a convicção da mãe passará para a criança.

Quando o limite é apropriado e quando ele é inapropriado? Limites precisam ser estabelecidos de maneira consciente e normal. Colocado arbitrariamente, só porque se está cansado e a criança está incomodando, é inapropriado. Um limite é colocado de maneira racional e consciente, junto com a criança, estabelecendo o que ela pode e não pode fazer. A partir dos dois anos a criança já entende o que são regrinhas. Tem uma reclamação muito comum nas famílias que é “a criança não quer guardar os brinquedos”. Eu coloco uma regrinha: “você pode brincar, bagunçar, mas quando terminar, tudo tem que estar de volta em seu lugar”, e isso é algo que sempre tem que acontecer. Em qualquer situação e dia, exijo que a criança faça isso. Ou seja, é um limite colocado de maneira consciente. 
Se um dia eu chego em casa nervosa e vejo meu filho com todos os brinquedos no chão, dou um berro e obrigo ele a guardar todas as coisas de maneira autoritária e, no outro dia, entro numa boa e não falo nada sobre os brinquedos, é algo arbitrário. Ele não saberá o que quero dele, se aceito ou não que ele deixe os brinquedos espalhados. 

Você tem alguma dica para os pais lidarem com a birra dos filhos? Birra e manha fazem parte do amadurecimento e do desenvolvimento da criança. Toda criança faz birra. A atitude do pai em relação a isso é que a faz parar. Se você faz a vontade da criança para ela não chorar, pode ter certeza que, em pouco tempo, ela vai fazer isso de novo. O melhor a fazer é ignorar. Quando o pai ou mãe entende que se trata de uma manha, deve ignorar e se posicionar. Falar ‘sim’ ou ‘não’ e deixar chorar, deixar se jogar no chão. A criança vai entender e vai parar. 
Se acontece fora de casa, é porque a criança fez exatamente isso dentro de casa e deu certo. Quando eu falo ignorar não significa virar as costas, mas não deixar aquilo ter o efeito que a criança quer. Então o pai precisa deixar a criança chorar e tomar uma atitude. Se estiver em casa, levá-la até o cantinho da disciplina e explicar a ela o porquê de ela estar lá. Se você corta a birra, toma uma atitude firme a respeito, ela não terá continuidade. Entrei em casas com sofás esfaqueados, boxes de banheiros arrebentados por crianças que fizeram birra. Se não cortar, o negócio fica cada vez pior! 

Por que os pais custam a admitir que são eles os responsáveis pelo comportamento de seus filhos? Não gosto de usar a palavra ‘culpa’, pois acredito que nenhum pai faz mal aos filhos de propósito. Mas a educação e o comportamento insuportáveis são uma consequência de atitudes que os pais tomaram ou deixaram de tomar. Se consigo fazer os pais entenderem isso, as mudanças na criança acontecem rápida e facilmente. A mudança nos pais é a mudança nos filhos. Muito mais do que mudar o comportamento dos filhos, meu desafio é mudar o dos pais. 

Você é a favor da “lei da palmada”, que proíbe pais de baterem em seus filhos? Não. Sou contra bater, mas não acho que com uma lei você resolverá o problema. Para mim, o mais interessante é educar os pais para eles poderem educar os filhos de maneira diferente. Como vão administrar essa lei? Vai ter inspetores pelas ruas? Não sei como o governo vai fazer isso. É possível, sim, educar sem bater. O método de disciplina usado no meu programa de TV interrompe o mau comportamento e ensina o comportamento certo com firmeza. São 105 famílias visitadas – e mais de uma centena de crianças que mudaram de comportamento. 

Por que muitos pai mesmo tendo informações sobre educação, não conseguem aplicá-las na prática?
Eu acho difícil que os pais não consigam. O “não conseguir”, muitas vezes, é por insegurança 
da parte dos pais, é falta de confiança nas atitudes que eles precisam tomar, é medo de 
perder o amor dos filhos, que os filhos fiquem bravos com eles… Então, o “não conseguir” 
não existe. Pois se você é responsável pela educação dos seus filhos, você tem que conseguir. Como que eu não consigo? Eu preciso ser firme, preciso estar segura daquilo que vou fazer, preciso ter convicção do que é o melhor para o meu filho, saber exercer autoridade sem ser autoritário, sem bater por qualquer coisa, ficar gritando, se descabelando, mas usando uma verdadeira autoridade de quem sabe o que é melhor para o filho. Se eu tenho essa segurança, se eu não tenho medo, se eu sei que esse “não” é importante tanto quanto o “sim” é importante, eu consigo. Como não? Faz cinco, seis anos que eu estou trabalhando no Supernanny e eu mostro que é possível conseguir, mesmo com crianças que têm chegado num extremo de mau comportamento. É preciso assumir a responsabilidade, a autoridade e precisa entender que o “não” e o “sim” são importantes. O “não” o tempo todo torna os pais autoritários, rígidos. E o “sim” o tempo todo torna os pais permissivos. Não é bom nem um extremo e nem o outro, tanto para a criança e quanto para os pais. O ideal, como pai, é você encontrar o equilíbrio, sempre lembrando que tanto o “não” quanto o “sim” são importantes e necessários.

O que motivou a senhora a trabalhar como educadora? 
Eu comecei a trabalhar com 18 anos, era novinha. Minha motivação foi um pouco conseqüência da escola em que eu estava porque eu fiz magistério. Depois minha orientação continuou dando inglês porque eu estudei inglês num colégio bilíngüe desde pequenininha, então fiz um professorado em inglês, fiz treinamento pra letras e foi acontecendo, eu fui gostando e me dedicando a isso. Aí comecei a trabalhar com educação e não parei mais, né? (risos).

Na dedicatória e nos agradecimentos de seu novo livro a senhora fala muito em Deus. A Fé também é importante na educação?
Eu acho que é importante e vou te explicar o porquê. Por que quando a gente educa, a gente transmite princípios de vida para os nossos filhos – eu estou falando de educação para formação de caráter, personalidade, e não acadêmica. Se nós temos fé, se temos a palavra de Deus como base dessa transmissão de valores e de princípios, nós temos mais segurança porque nós temos uma coisa que é verdadeira, que é válida, que é eterna na qual nós acreditamos. E isso nos dá segurança. Eu acho que muito da insegurança de hoje é porque os valores, os princípios estão muito questionados, são muito variáveis. O que era bom e aceitável um tempo atrás, hoje não é mais e vice-versa. Então, tudo isso confunde. Quando você tem fé, quando você tem a Deus, quando você tem a palavra pra ser guiada, isso te dá mais segurança, te dá uma base firme, né? Por isso eu acho a fé muito importante na educação.

 Na sua experiência como Supernanny, teve algum caso que te marcou mais, seja pela dificuldade ou pela maneira como se desenvolveu?
Tiveram vários, na verdade, porque cada um é uma história e mexe com a gente de uma maneira diferente. Um que me marcou de forma negativa, aí eu vejo a dificuldade que os pais têm de aceitar, de reconhecer a responsabilidade que eles têm na educação do filho, foi o único caso que eu tive que interromper o programa antes de acabá-lo porque os pais não somente discordaram da minha proposta com as crianças, como desfez tudo aquilo que eu tinha feito. Isso foi muito duro, doeu muito não somente pra mim, mas pra toda a minha equipe, porque as crianças estavam começando a mudar, a mostrar uma mudança de comportamento, mas os pais não se dispuseram a mudar. E a primeira mudança tem que vir dos pais – isso é uma coisa que fica muito clara em cada família que eu visito e em cada orientação de educação que eu dou. Então, esse deixou uma marca muito negativa, muito triste. Positiva, na verdade, todos os outros pela mudança que há nas crianças e nos pais. Eu continuo recebendo e-mails de famílias que eu visitei agradecendo pelas mudanças que aconteceram e permanecem. Isso me deixa muito feliz, muito grata a Deus por ter a possibilidade de ajudar essas famílias. Me lembro, agora, de um caso de uma família que tem uma menina com síndrome de Down, em Salvador, eram três filhos. E a mãe tinha uma dificuldade enorme, até pelo histórico dela com a filha, de expressar o amor pelos filhos. Não é que ela não amava, era a expressão do amor. E esse momento de expressão de amor foi muito marcante no programa porque a mãe conseguiu romper essa barreira que separava ela dos filhos. Foi uma coisa que me marcou muito, me emocionou, chorou todo mundo e foi uma vitória, realmente.


Fique ligadinhos nas atualizações da página... ok? Bjus
Continua......



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